sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
and in the end...
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
algo que não está nas páginas.
09 horas e 30 minutos.
O despertador toca, ouço o começo de Better da Regina Spektor e coloco meu pé direito no chão.
Penso que esse dia será destinado ao desapego de papéis, que eu insisto
Não concorda que elas cansam de ficar tantos anos em pé, paradas, e, num belo dia, resolvem aceitar a proposta de um homenzinho barulhento, decidido a fazê-las trabalhar?
Umas trabalham como móveis, estas são as solidárias... Oferecem ajuda quando alguém recebe alguma notícia ruim ou até mesmo, para as pessoas poderem sonhar com seus olhos fechados, podendo ir ao céu com diamantes ou viajar num submarino amarelo.
Já, as minhas favoritas são aquelas que se dividem em vários pedacinhos brancos ou não, usados para uma criança escrever o seu próprio nome; Uma tímida dizer a um alguém que o ama; Lunático qualquer, com a ajuda de pincel, misturar cores opostas ou da mesma família.
Após colocar no lixo uma resolução errada de matemática, avistei que havia um dicionário ali. Árvores que eram amigas e resolveram ficar juntas. Assoprei a poeira e folhei-o. No mesmo momento, as memórias vieram a mim: A procura pelo melhor adesivo e o colar na primeira página, junto ao nome. Rir com meus coleguinhas, porque na página 457, tinha a palavra "merda", que era um palavrão e tanto. O ato de procurar, com esperança, o meu nome nele. Pensar no quão inteligente foi a pessoa responsável pelo significado de todas aquelas coisas.
Só que, hoje em dia, não concordo tanto com suas definições. Tenho as minhas próprias.
Por exemplo:
AMOR - (latim amor, -oris) S.m. 1 - Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou !atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa. 2 - Disposição dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém... E outros, e outros, e outros significados...
E onde foi parar: Brilho nos olhos, borboletas fugindo da natureza e indo para o estômago, pernas e mãos que teimam em tremer nas horas inapropriadas ou quando eu peço para minha mãe servir refrigerante para nós e ela coloca primeiro no meu copo...?
SAUDADE - Do lat. solidate,soledade, solidão. atr. do arc. soydade, suydade com influência de saúde. sf.(a) 1. Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhado do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia. 2. Pesar da ausência de alguém que nos é querido.
Para mim, saudade é quando, de repente, todas as pessoas começam a usar o mesmo perfume do distante. É fechar os olhos e relembrar detalhe por detalhe.
Escolhendo páginas aleatórias, fui escrevendo o que lembrava a cada palavra vista. De carbono à natureza.
Satisfeita com meu trabalho, dei adeus para as árvores que me fizeram companhia e deixei-as irem embora, para longe. Decidi que havia outras, em algum lugar, cansadas de serem da mesma cor e que necessitavam ser escritas, desenhadas e nunca esquecidas.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
me assista explodindo.
Uma bomba relógio foi colocada em mim no momento em que nasci. Nela, tinha escrito o seguinte aviso:
Ela explodirá no momento que você perder o ritmo, o controle.
Cresci vivendo assim, sendo feliz comigo mesma e possuindo pensamentos longes, quase que inatingíveis para quem não tivesse um quê de poeta. Quem perderia tempo com alguém como eu? Ninguém mais presta atenção nas cores e nem faz corrida com pingos de chuva. A realidade que havia em mim, deu adeus e me liga de vez em quando, para lembrar que minha imaginação não pode me tirar daqui, onde ninguém sorri.
Foi quando eu te vi, num dia que os pingos de chuva pararam de competir e resolveram se amar.
Sempre prestei atenção em suas cores. Seus olhos eram de um escuro encantado que eu desconhecia, com o poder de sentir-me perdida neles e sem reação para cada piscada que davam. Sua pele era branca, talvez sua melanina tivesse lhe dado adeus, assim como minha realidade.
Já, seu riso não tinha cores, mas passou a ser o meu som favorito desde que o ouvi. Se me permitisse, gravaria um CD, apenas com ele. Colocaria para tocar por aí... talvez as pessoas ficassem felizes ao ouvir, uma overdose de suspiros, eu diria.
Com a contagem regressiva se aproximando, nossas peles encostaram-se. Naquele jeito "sem querer", desajeitado. Lembrei do que havia dentro de mim. Eu perdi o controle, estava esperando a bomba explodir. Senti seu cheiro e fechei meus olhos. 3... 2... 1...
O silêncio entre nós continuou. Nada explodiu.
Havia algo diferente ali, eu desconhecia. Como ele sempre tinha minhas respostas, descrevi o que estava acontecendo e perguntei o que era aquilo. Perguntei se já havia acontecido isso a ele, se era normal.
- Também sinto isso, agora. São nossos corações, eles estão dizendo "eu te amo". ― Disse ele.