terça-feira, 30 de novembro de 2010

me assista explodindo.


Uma bomba relógio foi colocada em mim no momento em que nasci. Nela, tinha escrito o seguinte aviso:

Ela explodirá no momento que você perder o ritmo, o controle.

Cresci vivendo assim, sendo feliz comigo mesma e possuindo pensamentos longes, quase que inatingíveis para quem não tivesse um quê de poeta. Quem perderia tempo com alguém como eu? Ninguém mais presta atenção nas cores e nem faz corrida com pingos de chuva. A realidade que havia em mim, deu adeus e me liga de vez em quando, para lembrar que minha imaginação não pode me tirar daqui, onde ninguém sorri.

Foi quando eu te vi, num dia que os pingos de chuva pararam de competir e resolveram se amar.

Sempre prestei atenção em suas cores. Seus olhos eram de um escuro encantado que eu desconhecia, com o poder de sentir-me perdida neles e sem reação para cada piscada que davam. Sua pele era branca, talvez sua melanina tivesse lhe dado adeus, assim como minha realidade.

Já, seu riso não tinha cores, mas passou a ser o meu som favorito desde que o ouvi. Se me permitisse, gravaria um CD, apenas com ele. Colocaria para tocar por aí... talvez as pessoas ficassem felizes ao ouvir, uma overdose de suspiros, eu diria.

Com a contagem regressiva se aproximando, nossas peles encostaram-se. Naquele jeito "sem querer", desajeitado. Lembrei do que havia dentro de mim. Eu perdi o controle, estava esperando a bomba explodir. Senti seu cheiro e fechei meus olhos. 3... 2... 1...

O silêncio entre nós continuou. Nada explodiu.

Havia algo diferente ali, eu desconhecia. Como ele sempre tinha minhas respostas, descrevi o que estava acontecendo e perguntei o que era aquilo. Perguntei se já havia acontecido isso a ele, se era normal.

- Também sinto isso, agora. São nossos corações, eles estão dizendo "eu te amo". ― Disse ele.